domingo, 15 de julho de 2012

Mudanças

"Como os dias que passaram se foram para sempre, e os dias futuros poderão não chegar a ti no estado presente de teu ser, cabe a ti, ó homem! fazer uso do estado presente sem lamentar a perda do que já passou e sem depender demais do que ainda virá; pois nada podes saber de teus futuros estados, exceto o que tuas ações de agora disponham para eles." 
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Onde e quando nossas vidas mudaram bruscamente e nós nos sentimos deslocados? Onde e quando nossas escolhas tomaram rumos diferentes daqueles que esperávamos? Onde e quando nós passamos a nos perguntar onde e quando para tudo? Onde e quando tudo passou a ser um questionamento sobre quem fomos, quem somos e quem seremos? Às vezes, algo nos parece imposto, dado, obrigado, outras vezes parece que apenas nossas escolhas é que são a questão importante, e às vezes você precisa aprender a lidar com as duas coisas, aquilo que lhe parece imposto e suas escolhas diante disso. Para muitos a fase que venho passando em casa é apenas uma questão de escolha, eu posso escolher me abster completamente do que acontece aqui, pois sou adulta. No entanto, acredito que é uma questão de imposição e escolha. Imposição pois faço parte de uma família, ainda dependo financeiramente dos meus pais, e devo muito a eles (por mais que alguns digam que eu não escolhi nascer e coisas do gênero, eu não escolhi nascer, mas escolhi continuar vivendo), então, acredito que fazendo parte de uma família preciso ajudá-los a superar essa fase, o que, indiretamente foi uma escolha. Escolhi permanecer ao lado dos meus pais nesse momento de dificuldade. Logo, eu acredito que a imposição e a minha escolha perante essa situação me trouxeram para o atual onde e quando. Onde, Curitiba, Paraná, Brasil, casa da família Weber-Oliveira. Quando, 2005-2012, todos os dias da semana, todos os meses, quase todos os horários. O meu onde e quando é nesse momento de amadurecimento e crescimento pessoal, onde estou aprendendo a controlar minhas emoções e quem sabe assim ganhar um pouco de QE, que era o que me faltava, quando eu ainda posso ajudar meus pais. E você? Em que momento se encontra?
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"Ohana quer dizer família, quer dizer nunca mais abandonar". 
Lilo e Stich

terça-feira, 10 de julho de 2012

Sobre envelhecer

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Pra quem me conhece há algum tempo sabe que há mais ou menos 7 anos venho cuidando da minha avó paterna que tem 77 anos, 47 anos deles convivendo com pressão alta e uns 30 com diabetes. Pra quem conhece um pouquinho dessas doenças sabe o quanto vem associado, no momento ela está com apenas 25% de funcionamento da circulação da perna direita, a perna esquerda foi amputada há seis anos por conta da má circulação. Onde quero chegar com tudo isso? Algumas pessoas pensam que é difícil cuidar ou até mesmo conviver com as pessoas mais velhas porque elas costumam contar sempre as mesmas histórias, esquecem nomes, trocam os nomes dos netos e coisas do gênero, bom, agradeça se seus avós só tiverem esses 'problemas'. Envelhecer deveria ser algo lindo, assim como é lindo nascer. Mas a velhice é um estágio da vida que pode ser muito difícil se você não tiver saúde. Há seis anos meu avô paterno faleceu por septicemia provocada pelo rompimento do apêndice. Ele tinha artrite e artrose, doenças comuns nessa fase da vida, que mascararam as dores que ele sentia. A morte do meu avô afetou muito a minha avó. Além de todos os problemas de saúde que ela tem, que são inúmeros, incluindo, agora, o mau funcionamento do rim, ela ainda fica se lamentando por ainda não ter sido levada por Deus (minha avó é católica fervorosa). Mais uma vez, onde eu quero chegar: a velhice, na minha visão, deveria ser o estado em que nós teremos, finalmente, a possibilidade e a oportunidade de descansar, afinal vivemos uma vida inteira trabalhando pra nos manter e quem sabe garantir algum para o futuro, no entanto não é isso que acontece: trabalhamos, muitas vezes adoecemos e o dinheiro que ganhamos gastamos em remédios e tratamentos hospitalares, isso é triste, pra não dizer injusto. Quantas vezes eu fiz planos pensando no amanhã e olho pra minha avó e penso "do que adianta pensar no amanhã se eu não cuidar do hoje". Acredito que a lição sobre envelhecer é avaliar o que houve/fizemos de errado no passado e planejar o futuro cuidando do presente. No momento eu tenho me focado em atender as necessidades da minha avó: fazemos (mãe, pai e eu) curativo nas feridas da perna dela duas vezes por dia, lavamos suas faixas, preparamos comida balanceada e provemos os bens necessários para que ela tenha um dia no mínimo suportável, visto que ela reclama de dores boa parte do dia. E por mais que às vezes a atitude dela perante a saúde dela me irrite eu tenho que compreender que ela já tem 77 anos, carregou muitos dos seus problemas da infância por toda a sua vida, jamais esqueceu essas coisas e agora é muito tarde pra mudar. Então quem precisa mudar sou eu e é o que estou fazendo. Acredito que essa seja a lição do envelhecimento, aprender com os mais velhos e mudar agora o que não queremos fazer ou sofrer no futuro.
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