Nada como acordar numa linda manhã de sexta-feira, mais um dia de sol na capital, com sua mãe chorando e gritando. Você se levanta, tranquila, havia tido uma boa noite de sono depois do yoga e resolve conferir o que aconteceu. Pra variar, mais do mesmo. Minha avó destratando as pessoas, reclamando que não gostou do que uma amiga lhe disse sobre alguma coisa da vida, não gostou do livro que ganhou, não gostou das pessoas tomando decisões sem antes consultá-la (por que óbvio ela é um xamã, um guru e deve ser sempre consultado em dias auspiciosos), não gostou da comida e não gostou de nada mais. Sabe, eu cansei. Eu vi que ela não vai mudar então quem muda sou eu. Eu não vou mais dar atenção ao que ela fala. Eu não vou mais me preocupar com as notas que ela me dá pela roupa passada, pela mesa posta ou pela roupa que estou vestindo. Cansei de fazer tudo do jeito que ela quer pra depois ela vir dar patada e dizer que não está exatamente como ela faria. Cansei de ver minha mãe chorar, cansei de ver meu pai sofrer. Ela não vai mais nos abalar. E mesmo que demore, a gente vai aprender a lidar com isso e vai passar por cima de todos os destratos dela conosco, vamos aprender a relevar, a não se importar. Afinal, não está faltando nada pra ela. Ela tem comida balanceada, tem plano de saúde, tem quem a leve aos médicos, tem quem busque remédio na farmácia, tem uma casa boa, pessoas que ficam 24h em função dela e tinha carinho de verdade, agora, ela está conseguindo realmente nos afastar. E me perdoem se o texto parece algo como: "como maltratar alguém da terceira idade", juro que não é. Eu amo minha avó, mas maldade tem limite.
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