domingo, 23 de outubro de 2011

ela olha nos olhos da gente

Estava eu comprando tecidos com a minha mãe quando o vendedor parou do meu lado e perguntou minha altura. Respondi: "1,80". Ele: "Mentira, você é mais alta que eu?". Então, ele se aproximou, pareamos os ombros e ele disse: "sim, você é mais alta. Mulher alta da medo". Na hora minha mãe começou a rir, e outros da loja entraram na conversa sobre altura e tudo mais. E eu ainda me perguntando o por quê de mulher alta assusta, perguntei. "Ah, mulher alta assusta, porque ela olha nos olhos da gente". E seguiu uma discussão de que mulher alta parece mais segura, é intimidadora e coisas do gênero. Cada coisa que eu tenho que aguentar.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

"A verdade pode ser insuportável"

E você não consegue assumir o que é real. Você cria um mundo todo novo por que? Tem medo do que? Você cria um mundo de fantasias, porque tem medo de assumir o que realmente sente. E sabe, eu entendo você, a verdade pode ser insuportável. E nem sempre sabemos lidar com ela. Hoje eu sei que a verdade pra mim é que eu não mais o que fazer com tudo o que acontece aqui dentro, e grande parte da culpa é sua. É sua porque fica mexendo com a minha cabeça. Fala besteiras, coloca apelidos em mim, me enche de vídeos que você sabe que eu não vou gostar, quando vê qualquer coisa que eu escrevo aproveita a deixa pra comentar alguma coisa, por que faz isso comigo? Descobri que amor, carinho pode vir até da provocação, sabia disso? Pois é, verdade.


Publicado originalmente no blog Our Little Big Dreams, em 01/04/11.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Ferindo corações desde os sete anos de idade. Brincadeirinha. Convenhamos, sete anos é uma idade tensa. Tinha acabado de mudar de colégio. Saí de uma escola de bairro para uma escola dez vezes maior. Em todos os sentidos. Me sentia muito perdida. Depois de algum tempo na primeira série A tinha feito amigos e não me sentia mais tão deslocada. Na época, quando a aula acabava descíamos em fila para o pátio, onde aguardávamos a chegada de nossos pais. Lembro-me de estar no último lugar da fila das meninas (sempre fui a mais alta da turma, pelo menos até o ensino médio) e um garoto, também o mais alto do lado dos meninos, mais baixo do que eu, olhou pra mim e disse: "Quer casar comigo?". Olhei para ele meio assustada. Dificilmente conversávamos e ele sempre arranjava algum motivo pra brigar comigo ou me incomodar - depois de um tempo a gente vê que algumas coisas são sempre contraditórias, mas, voltando ao evento - fiquei encarando ele sem entender e disse "Não" - a última coisa que a gente pensa quando é pequena é em casamento, na verdade, em casar de verdade, em casamento a gente até pensa, mas nas brincadeiras de bonecas. E a única coisa de que me lembro, depois disso tudo, foi de ver a minha mãe correndo para ver como eu estava no pé da escada. Sim, ele havia me empurrado. Talvez se eu tivesse dito que iria pensar, as coisas teriam sido diferentes. Hoje, analisando essa pequena história, eu vejo como é difícil aceita não's durante a vida... e isso independe da idade.

Colocar pra fora


Não sei bem em que momento que as coisas saíram de vez do meu controle. Ou em que momento eu percebi que eu não tinha, de fato, controle sobre elas, como, por exemplo, minhas emoções e lembranças. Sabe, acho que sempre fui muito ingênua. A faculdade está mudando um pouco isso. Mas quando eu era menor, em todos os sentidos, eu não entendia como determinadas coisas e situações poderiam determinar o que você pensa, sente e faz ao longo da sua vida. Durante os meus 21 anos de vida, acho que foram poucos os momentos nos quais eu realmente senti que tinha o controle da situação, um deles é no estágio. Não sei por qual razão, mas o meu ambiente de trabalho me passa muita segurança. Segurança esta que por vezes eu não encontro em casa e nem na faculdade. 
Dois anos atrás, no início da primeira aula de terça-feira, eu estava sozinha na sala de aula, esperando o resto do pessoal da minha sala chegar para a aula, e eu estava muito estranha, não sabia bem o que estava acontecendo. Só sabia que não me sentia bem. Lembro bem que uma amiga minha chegou como em qualquer dia e me perguntou: 'tudo bem Mé?' e eu, pela primeira vez na vida disse: 'não'. Aquilo me fez chorar tanto que eu não tinha mais controle sobre as lágrimas que escorriam. Eu estava realmente muito mal. Liguei pra minha mãe, e aos prantos disse que não estava bem e que precisava de ajuda. Ela ligou para uma psicólogo conhecida dela e no mesmo dia fui para uma consulta. No começo, eu imaginava de verdade que pudesse melhorar. Mas, como sou um tanto cética quanto algumas coisas, fui notando falhas no tratamento, entre outras coisas, como o fato dela esquecer que tinha marcado atendimento comigo e então não apareceu. Isso aconteceu três vezes. E então chegou um ponto que aquilo não estava mais me fazendo bem.
Eu sei que eu devia ter tentado outra vez, talvez ter tentado outra coisa, porque no fundo eu sei que eu não melhorei. Continuo uma pessoa extremamente ansiosa. Continuo com medo de mil coisas. E o que mais me dá medo na verdade são as relações humanas, pois são imprevisíveis. Pra minha sorte, Deus ou qualquer outro ser espiritual, colocou amigos incríveis na minha vida que eu sei que posso contar. Mesmo assim, ainda sinto um vazio aqui dentro que eu não sei explicar. Mas que eu sei que só eu posso resolver. É minha responsabilidade, mas sinceramente, não aguento mais tanta responsabilidade na minha vida. É sério. Acho que é isso que me tira do sério.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Insegurança

Tenho uma grande dificuldade: escrever as coisas sem florear. No meu outro blog, costumo encher de mimos, sorrisos, graças, rimas, imagens, tudo pra deixar mais leve. Mas nesse aqui eu queria apenas ser sincera, dizer tudo o que penso sem me restringir. E hoje eu queria comentar da minha insegurança, do meu medo, da minha falta de autoestima. Foram inúmeras as vezes em que eu abri mão de algo por conta de alguém, ou abri mão de alguém para alguma amiga não ficar mal. Foram outras inúmeras vezes que eu imaginei que alguém que eu gostava muito gostava de outra pessoa. Dificilmente eu me sentia a amada da história. Não sei por quê, coisas da minha cabeça, provavelmente. Sempre fiz o possível para que a pessoa que estivesse do meu lado se sentisse uma pessoa incrível, e esqueci que eu também precisava de estímulos, que eu também precisava me sentir incrível. Associava isso ao fato de ser a mais velha entre as primas, a mais alta entre as amigas e a mais caxias entre as colegas. Sentia sempre uma carga de responsabilidade. Responsabilidade sobre tudo. Não sei se alguém jogou isso pra mim ou se fui eu quem criou. Só sei que isso pesa hoje em dia. E muito. Já fui atrás de psicóloga, quase fui em mãedesanto, paidesanto, filhodesanto, rezadeira, curandeira pra tentar tratar essa insegurança. Mas hoje eu sei que isso é algo que eu tenho que aprender sozinha. E eu sei que uma hora eu vou vencer isso.
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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Doação

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É tão fácil se doar. Mas é difícil limitar. Chega um determinado momento que a doação não faz bem pra quem recebe. Muito menos pra quem doa. Eu, por exemplo, nunca aprendi o limite. Sempre fui além, me doando e sobrando pouco de mim pra mim mesma. E pra piorar, quando alguém queria se doar por mim, eu não aceitava, sempre acreditando que o outro não tinha que se sacrificar. Mas e por que eu tinha? Nunca soube responder. É algo intrínseco, sei lá. Às vezes um produto já vem com defeito de fábrica, entende? Sei que não cabe comparar pessoas a produtos, mas às vezes é como me sinta diante do que tenho feito com a minha vida. Estou vivendo a vida de outros e esquecendo que eu também existo, que eu também choro, sofro, tenho sono, quero colo, sou carente e coisas mais. Esqueço que também faço parte desse mundinho. Meu tio dizia: "você não é Madre Teresa de Calcutá, e mesmo se fosse, quem é que cuida de você?". Eu nunca parei pra pensar.
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