segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O silêncio indígena

"Nós os índios, conhecemos o silêncio... Não temos medo dele. Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras. Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio. E eles nos transmitiram este conhecimento. Observa, escuta, e logo atua, nos diziam. Esta é a maneira correta de viver.
Observa os animais para ver como cuidam de seus filhotes. Observa os anciões para ver como se comportam. Observa o homem branco para ver o que querem. Sempre observa primeiro, com o coração e a mente quietos. E então aprenderás. Quando tiveres observado o suficiente, então poderás atuar.
Com vocês, brancos, é o contrario. Vocês aprendem falando. Dão prêmios às crianças que falam mais na escola. Em suas festas, todos tratam de falar. No trabalho estão sempre tendo reuniões, nas quais todos interrompem a todos, e todos falam cinco, dez, cem vezes. E chamam isso de “resolver um problema”. Quando estão numa habitação e há silencio, ficam nervosos. 
Precisam preencher o espaço com sons. 
Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer. Vocês gostam de discutir. Nem sequer permitem que o outro termine uma frase. Sempre interrompem. Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido, inclusive.
Se começas a falar, eu não vou te interromper. Te escutarei. Talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estas dizendo. Mas não vou interromper-te. Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste, mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante. Do contrario, simplesmente ficarei calado e me afastarei. 
Terás dito o que preciso saber. 
Não há mais nada que a dizer. 
Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.
Deveriam pensar em vossas palavras como se fossem sementes. Deveriam plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio. Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra esta sempre nos falando, e que devemos ficar em silêncio para escutá-la. Existem muitas vozes além das nossas. Muitas vozes. Só vamos escutá-las em silêncio".

Por Akaiê Sramana

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